Doce Vampiro Quando o leão se apaixona pelo cordeiro... |
| | Humano, esse mito esquecido. | |
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+4Sally Owens Clara Isbela Black Darla Belzinha 8 participantes | Autor | Mensagem |
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Belzinha Saltando do penhasco
Mensagens : 263 Data de inscrição : 18/07/2008 Idade : 43
| Assunto: Humano, esse mito esquecido. Ter 22 Jul 2008, 11:14 pm | |
| Humano, esse mito esquecido. Como diria Fernando Pessoa: “Adoramos a perfeição, porque não a podemos ter; repugná-la-íamos, se a tivéssemos. O perfeito é desumano, porque o humano é imperfeito”. Não importa quantos livros de ficção e fantasia você leu, quantos filmes do mesmo tipo você viu. Também não importa que desde a infância escute histórias sobrenaturais, contos sussurrados de seus avós ao pé do fogo nas noites de inverno. Lobisomens. Vampiros. Bruxos. Fantasmas. Pode ter sido até o Homem-do-Saco, que pegava as criancinhas malcriadas e desobedientes e as levava embora. Tanto faz. Não faz diferença porque todas essas figuras fantásticas, superpoderosas e inalcançáveis são só a sombra de uma outra. Fantoches. São o pretexto para se discutir um outro mito – “O” mito por excelência. O Ser Humano. Costumo brincar com meus amigos que toda obra de ficção científica ou fantasia tem “aquele” famoso momento. Aquele em que algum elfo ou alienígena falará mal da Humanidade, de como os humanos não são confiáveis, como são cruéis, confusos e medrosos. Eu o apelidei de “Momento a Humanidade Fede”. Os personagens sobrenaturais têm um papel específico em seu “ambiente impossível”, que os demais – os que você poderia encontrar na “vida real” – não conseguem alcançar: traduzir em sua própria existência, um drama, uma indagação sobre o ser humano em si e o que ele faria se uma das condições que se considera inalteráveis vier a desaparecer. Em outras palavras, o personagem sobrenatural nos faz questionar sobre a natureza das coisas de uma forma mais sutil, porém mais profunda. E aqui sou obrigada a tomar emprestada a idéia de H.G. Wells: “E SE...”. Palavrinhas malvadas, mas abençoadas. Inquietantes. Elas perturbam o ser humano, fazendo-o se revirar à noite, seja de preocupação ou de deleite. Reclamamos de nossas fraquezas. Bendizemos o Amor e maldizemos quando este nos falta. Queríamos nos diferenciar dos outros, ser diferentes. E ter tempo para fazer as coisas diferentes. Queríamos poder. Gostaríamos de ser eternos. “E SE...” A imortalidade existisse? E se seu verdadeiro amor fosse imortal? Você tem uma chance de ficar com ele para sempre – morrendo para essa vida, deixando tudo para trás – o quê você faz agora? Amor e Eternidade. Eternidade e Amor. Amor através da Eternidade? Ou a Eternidade pelo Amor? Você ainda é humano se for imortal? Se não envelhecer? Ainda seria humano ainda que não dispusesse de um corpo humano? Isso seria só se não tivesse um corpo humano permanentemente ou de vez em quando? A fragilidade é inerente à raça humana? Se você for praticamente invulnerável, ainda é humano? São questões profundas, trágicas, definitivas. São interessantes, prendem nossa atenção. É assim que chegamos à mitos como os vampiros e os lobisomens. Mais do que explicações místicas para fatos que ainda não tinham explicação, ou aterrorizar os mais sensíveis, eles são o instrumento pelo qual nossa mente transcende as possibilidades de nossa existência cotidiana. Os outros personagens em Twilight – os “meramente” humanos – passam ao largo da história, quase como sombras cuja grandeza depende diretamente de sua proximidade e intimidade com os não-humanos. É como se eles estivessem em outra dimensão. Nas palavras da própria autora: “(...)Eu não sou anti-feminista, eu sou anti-humana. Eu escrevi essa história pelo ponto de vista de uma garota humana porque isso veio mais naturalmente, como vocês podem imaginar. Mas se o narrador fosse um garoto humano, isso não teria modificado os eventos. Quando um humano está sendo completamente cercado de criaturas com força, velocidade, sentidos sobrenaturais e vários outros poderes não-identificados, ele ou ela não vai conseguir se virar sozinho. Lamento. É assim que as coisas são. Nem todos nós podemos ser matadores.(...)”. (História por Trás de New Moon).É isso aí. A autora não quer que os humanos tenham vez aqui. Ela quer é seres impossíveis (ainda que humanizados – muito humanizados) para descrever uma humana em específico – Bella – no meio dessas forças sobrenaturais, e amando um ser assim.
Ninguém se interessa em como Mike se sente rejeitado por Bella. Vistos pelos olhos da protagonista Jeniffer é meramente a garota fútil e um tanto egoísta. Laureen é intragável, ninguém sabe o motivo. Ângela é doce e segundo Edward (Midnight Sun), tem “pensamentos anormalmente gentis” – mas ela simplesmente está lá, ninguém se pergunta a causa da formação de uma mente tão gentil.
Eles são nós mesmos. Têm preocupações e aspirações parecidas com as que nos temos, tivemos ou que algum dia nós iremos ter. Mike quer chamar a atenção da garota pela qual está interessado, Jeniffer quer ser popular e ir para a faculdade e Ângela só quer viver sua vida em paz.
Tão pequeno, tão simples, tão... Humano.
Mas vejam bem: eles não se depararam, como Bella, com seres sobrenaturais. Não foram forçados a pensar em nada além dos pequenos problemas de seu dia-a-dia. Isso não quer dizer que não tenham nada a dizer sobre isso. Só, não tiveram a chance.
Mike, Ângela, Jeniffer, Charlie representam a todos nós. Até em uma coisa que nós, os humanos, fazemos muito bem: esquecer de nós mesmos.
Vivemos correndo de um lado para o outro, tentando fazer as coisas fazerem sentido e acabamos por desperdiçar um tempo que não temos. Criamos mil e uma metas, emitimos mil opiniões sobre pequenos e grandes assuntos.
E o tempo todo estamos tentando esquecer que cada dia que vivemos é um dia a menos para o passo inevitável de nossa Morte.
É irônico, porque, os personagens não-humanos (quando não estão entretidos com as confusões do Amor) pensam o tempo todo em sua Imortalidade – e em como é difícil suportá-la. Já os humanos, únicos em que têm na Morte uma certeza, não dirigem um único pensamento a ela, se assim o puderem evitar.
Mas, afinal, o que é ser Humano?
É ser mortal? É envelhecer? Ter medo? É ser bom, sincero, justo, caridoso? É ser fraco? Amar? Odiar? Basta estar em um corpo humano e dele não se desfazer?
Tudo isso junto?
Os mitos não são apenas a visão do impossível, mas a compreensão do realizável dentro de nós. São o espelho pelo qual nos lembramos de nossa própria Humanidade esquecida.
Nas palavras de Clarice Lispector: “E o que o ser humano mais aspira é tornar-se humano”.
Última edição por Belzinha em Sáb 02 Ago 2008, 11:24 pm, editado 3 vez(es) | |
| | | Darla Caçado por Victória
Mensagens : 251 Data de inscrição : 20/07/2008 Localização : À Procura de meu Edward
| Assunto: Re: Humano, esse mito esquecido. Ter 22 Jul 2008, 11:18 pm | |
| Genial Belzinha!!! Depois que eu assimilar tudo eu volto e dialogo melhor. | |
| | | Clara Isbela Black Comemorando o aniversário de Bella
Mensagens : 184 Data de inscrição : 20/07/2008 Idade : 37 Localização : Correndo junto com um lobo pelas florestas de La Push
| Assunto: Re: Humano, esse mito esquecido. Ter 22 Jul 2008, 11:38 pm | |
| Nossa cheguei a me arrepiar...
Adorei Belzinha... Fantastico!!!!! | |
| | | Sally Owens Admin
Mensagens : 353 Data de inscrição : 19/07/2008 Localização : Catando notícias e esperando o livro 4
| Assunto: Re: Humano, esse mito esquecido. Ter 22 Jul 2008, 11:59 pm | |
| Fantástico, Bel!
Vc sabe que eu adoro as suas reflexões, não é?
Só vou reler isso com menos sono, rsrs | |
| | | Livinha Ouvindo a voz de Edward
Mensagens : 239 Data de inscrição : 20/07/2008 Localização : Tentando não surtar com BD!
| Assunto: Re: Humano, esse mito esquecido. Qua 23 Jul 2008, 5:55 pm | |
| Gostei muito, Bel!!
Realmente essas coisas "sobrenaturais", sobrehumanas, nos faz refletir sempre!
Clarice estava coberta de razão. Nós só queremos ser humanos, e dentro de nossas concepções e das que vamos aprendendo e aceitando no decorrer da vida.
E levando em consideração os temas abordados em Twilight, acho que a melhor parte em ser humano, é que nós conseguimos viver nossas emoções intensamente (embora de vez em quando seja tentador deixá-las de lado), afinal, mesmo que alguns não queiram pensar muito, sabemos que, mais cedo ou mais tarde, nossa humanidade acaba e vai parar a sete palmos abaixo da terra. Ou seja: não precisamos pensar "ah, depois faço isso de novo", pois você não pode conseguir reviver aquela situação e, mesmo se conseguisse, as emoções não seriam as mesmas. E isso é o que o Ed não cansa de falar pra Bella.
Resumindo em meu ponto de vista a partir da sua reflexão..rs.. ser humano nada mais é que viver a humanindade. E, cá entre nós, da melhor maneira possivel! | |
| | | Bruna W. Cullen Caçado por Victória
Mensagens : 242 Data de inscrição : 18/07/2008 Idade : 42 Localização : Pela eternidade com Edward....
| Assunto: Re: Humano, esse mito esquecido. Qua 23 Jul 2008, 8:13 pm | |
| Belzinha, aplaudo de pé sua reflexão... A sua tb Liv....
Adorei!!!!! | |
| | | Belzinha Saltando do penhasco
Mensagens : 263 Data de inscrição : 18/07/2008 Idade : 43
| Assunto: Re: Humano, esse mito esquecido. Qua 23 Jul 2008, 9:02 pm | |
| Sabe o que o seu comentário me lembrou, Liv? De uma cena do filme "Tróia", quando Aquiles diz à Brimeis o que sabe sobre os deuses: que eles sentem inveja de nós, mortais, porque cada instante para nós é o único. | |
| | | Sô Prates Decidindo virar Vampiro
Mensagens : 317 Data de inscrição : 19/07/2008
| | | | Naty L. Potter Sem Edward
Mensagens : 206 Data de inscrição : 20/07/2008 Idade : 30 Localização : Lendo tudo ao mesmo tempo! Agora jah virou Harry Cullen, e Edward Potter... Bagunça!!
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| Assunto: Re: Humano, esse mito esquecido. | |
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| | | | Humano, esse mito esquecido. | |
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